Bem, se podemos dizer que existe moda brasileira, como dizemos que existe cinema brasileiro, literatura brasileira. Qual é a identidade? A identidade brasileira? E a tal moda brasileira? Visão acadêmica. O Brasil ainda é muito jovem, nossa moda é copiada, salvo algumas exceções, mas a nossa referencia ainda é internacional. LV, Prada, Channel são marcas centenárias.
Nossa identidade é antropofágica, misturamos tudo e reinventamos a moda no nosso cotidiano. A moda brasileira ainda é um território movediço. Nós como antropofágicos engolimos e regurgitamos conteúdos das revistas, sites internacionais, copidescamos e absorvemos o estrangeirismo das passarelas, das revistas por que nossa estima é baixa, somente para o futebol temos uma boa estima que se concretiza com o museu do futebol.
Nós não fazemos moda, mas consumimos roupa e produtos. Não existe investimento em pesquisa, na academia.
O aluno de moda não ler, ele é incentivado a ser um mero reprodutor de cópias e quando for para o mercado é isso que ele irá fazer. O processo criativo é deixado de lado.
Assim, a moda ainda é vista como frivolidade.
Como diz a canção: do Caetano Veloso: “Meia Lua Inteira sopapo / Na cara do fraco Estrangeiro gozador/Cocar de coqueiro baixo/Quando engano se enganou”, temos pensamentos de colonizados.
Por muito tempo só podíamos consumir o que vinha de fora, fecharam as fábricas locais que cresciam no País, é só lembrar a época da Carlota Joaquina.
E a tal moda brasileira? Visão acadêmica
Nunca tivemos políticas publicas para o setor, apesar de ser um setor que gera muitos empregos. Então, na moda brasileira é bonito ser jovem, rico e consumir besteiras e ao final postar o look do dia. Help!! O look do dia é ler: Machado de Assis, Clarice Lispector.; o look do dia é ir ao cinema, frequentar uma galeria de arte e ter ideias e fazer conexões, pois moda é cultura.
Enquanto a gente não lidar com os problemas de frente, nada será solucionado. Não temos formadores de opinião, mas informadores de consumo pessoas que substituem as araras e as vitrinas. A moda pode ser passageira, mas o conteúdo não é. Certa feita, li uma entrevista do Ronaldo Fraga em que ele dizia que o seu estilista favorito era Carlos Drummond de Andrade. Alguém duvida que os escritores sejam os melhores estilistas? Ao descrever as roupas dos personagens fazem com tanta precisam que o leitor vivencia a experiência participante pela sua carga simbólica que ganha força nas palavras, desta forma aguçamos nossa experiência sensorial. A língua portuguesa não existe para o mundo frenético da moda, ela ficou esquecida, ela é considerada démodé. E a tal moda brasileira? Visão acadêmica estrutura esta visão profissional.
O julgamento existe em todas as áreas, assim, como existem os léxicos do advogado, do médico, também existe para moda. Contudo, o abuso de afetações criam as caricaturas do mundo da moda. E, como vivemos na a sociedade do espetáculo como definiu o pesquisador Guy Debord. Cada qual é sua própria mídia em busca de uma maior exposição de visibilidade.